Pela primeira vez, uma criança com menos de 10 anos se submeteu a uma cirurgia robótica no Sul do Brasil. Bem-sucedido, o procedimento também foi um dos primeiros em casos oncológicos pediátricos a empregar essa tecnologia no país e ocorreu no Hospital Erasto Gaertner, localizado em Curitiba (PR). A técnica consistiu na retirada do rim com tumor de um paciente de 4 anos do Erastinho (pertencente ao mesmo Complexo de Saúde), que já tinha passado pela primeira etapa do tratamento, a quimioterapia. Paciente teve alta 40 horas após a intervenção.
Menos invasiva, a pioneira operação robótica foi apresentada à família da criança como opção altamente viável por proporcionar uma recuperação mais rápida e assegurar um elevado índice de precisão nas manobras, entre outras vantagens. A incisão abdominal também é menor do que nas cirurgias convencionais, o que melhora a recuperação cirúrgica e reduz a dor.
A equipe que executou a cirurgia foi composta pela cirurgiã pediátrica Vilani Kremer, especialista em oncologia; os uro-oncologistas Murilo Almeida Luz e Jonatas Luiz Pereira; o fellow em urologia Rodolfo Barquet Meorin e os anestesistas Daniel Eduardo Cipoli e José Luis Astigarraga Maidana.
“O trabalho seguiu bastante tranquilo, com tempo cirúrgico abaixo do relatado na literatura. Foram duas horas e 23 minutos de uso do robô para a extração. Além do pioneirismo no Sul do país, a cirurgia foi uma das primeiras realizadas para a retirada de tumor pediátrico no país. Já bastante difundida para tratamentos em adultos, essa tecnologia vem ganhando espaço para uso em criança contra diversas patologias, como as urológicas e as do trato gastrointestinal”, explica Vilani Kremer. A especialista é a primeira cirurgiã pediátrica do Sul do país e a segunda do Brasil a realizar a cirurgia robótica oncológica, segundo informações da empresa responsável pelos sistemas robóticos.
Mais vantagens
A cirurgia no paciente do Erastinho, feita com o robô Da Vinci, foi uma nefrectomia radical por um câncer renal infantil conhecido como Tumor de Wilms, informa Murilo Luz. “Além de ser um procedimento menos invasivo, esse tipo de operação tem nos mostrado que resulta em menos sangramento durante o pós-operatório para as crianças, um benefício muito relevante”, ressalta ouro-oncologista e cirurgião oncológico.
A equipe que executou a cirurgia: Rodolfo Meorin, Jonatas Pereira, Vilani Kremer e Murilo Luz
Robson Coelho, diretor técnico do Erastinho, também celebra a boa recuperação do pequeno paciente e ressalta um outro fato positivo: a transfusão sanguínea mostrou-se desnecessária. “Geralmente, precisa-se de pelo menos uma bolsa de sangue quando os pacientes são submetidos a cirurgias abertas convencionais. Outra vantagem da cirurgia robótica foi a minimização de dor, devido à técnica menos invasiva e a uma anestesia específica para esse procedimento. A criança não sentiu dor no pós-operatório na UTI e necessitou de pouca analgesia no quarto. Foram retirados o tumor inteiro e os linfonodos. O material seguiu para análise para a partir daí ser estabelecido o tratamento do paciente.”